O Equilibrista



Por Wolney Fernandes

De estrela cadente à cotidiano

Por Odailso Berté

Nomes pra fazer sonhar

Arábia, Possessão, Sereia, Fetiche, Brisa, Pitanga, Seda, Beijo, Ti Ti Ti, Atração, Carícia, Grão de café, Duna, Escarlate, Ipanema, Condessa, Estrela do mar, Final feliz, New York, Cigana, Pérola, Cabaret, Chocolate, Inveja, Perfume, Rubi, Poema, Chiq, Love, Havaí, Cappuccino, Escândalo, Flash dance, Cindy, La Boheme, Fatal, Mini saia, Paixão, Rebu, Paetê, Amanhecer, Brenda, Angélica, Desejo, Paris, Carmem, Orgulho, Samba, Volúpia, Salto alto, Jabuticaba, Princesa, Licor, Chama, Algodão doce, Ternura, Pó de arroz, Fada, Tango, Luxúria, Carmim, Ninfa, Gabriela, Fortuna, Maçã do amor, Affair, Estrela de luz, Chá gelado, Vida, Serenata, Ciúme, Tiete, Terra, Penélope, Frida, Barbarella, Cleópatra, Julieta, Valentina, Lagoa Azul, Balneário, Espelho, Gaivota, Prazeres, Pin up, Elza, Gal, Hera, Magia, Atena, Afrodite, Rio doce, Pop rose, Nice, Dara, Cyber, Blitz, Agreste, Galáxia, Tule, Vidrilhos, Santa gula, Toque de ira, Baunilha, Lua de mel, Doce de leite, 40 graus, Atração fatal, Entardecer, Renda, Garota dourada, Tutti frutti, Brilho da noite, Marinho, Namoro, Mar de rosas, Via láctea, Licor de cassis, Véu, Safira, Concha do mar, Pétala, Flamenca, Ilha do mel, Primavera, Leite de coco, Boneca, Pétala branca, Sexy, Ameixa, 5ª avenida, Deixa beijar, Néctar, Rosa antigo, Linho, Luxo, Champanhe, Raio de sol, Grace, Eclipse, Atlântida, Madre pérola, Pêssego, Gengibre, Papaya, Cravo da índia, Noite de gala, Café italiano, Anel de ouro, Canela, Lavanda, Ametista, Torre Eiffel, Pecado, Romance, Esplendor, Dream...

Por Rosi Martins

Psicodelias do Sonhar

Por Cristian Mossi

MOTI(M)VAÇÃO

Por Odailso Berté

Foto: Wolney Fernandes

4 da tarde

Por Laila Loddi

Mo(n)tim

Por Rosi Martins

Foto: Renan Wamser - goianiarockcity

Trincheira Campineira de Tragos e Tiros

Amor anormal de um vocativo temporário que me chama à guerra.

Há duas forças opostas dispurando a vitória? O buraco que chama a cair e minha mão que lhe ofereço a sair e andar.

Os revólveres, as metralhadoras, as dinamites ou a bomba atômica... meu medo é muito maior que as armas que um homem pode usar, é pior que destruição em massa.

Fim de semana de ver os tiros que lhe dessem prazer em morrer mais um pouco: letárgico solvente, dissipando flores brancas, cheirosas ou fedidas. Eu não sei!

Eu só sei que eu vi. Vi uma guerra imperceptível a olho nu. Eu me vi no meio de uma trincheira e permaneci inabalável a cada estrondo dos sussuros ou gritos de quem se entrega à batalha por prazer e fraqueza.

Nossos tragos, los tragos de buen amigo... seus tiros e as lembranças do sofá. Em casa ou na rua; naquela praça de guerra, não da paz celestial, eu não via general, tampouco hierarquia. Todos iguais e cada um optando pela marcha de seu rumo.

Eu quero trago, o aceno do lenço branco, e você insistirá com seus tiros? Não seremos inimigos, não seremos semente de discórdia alguma.

Sei que viemos do pó e ao pó voltaremos, mas eu só esperei a poeira baixar e ver que, sobre esta terra, eu quero a paz.

Por Cristiano Casado

Peixeira poética

Dia desses Gilmara, que tem a idade da minha irmã mais nova e ainda mora na casa em que foi nossa vizinha, perguntou se eu tinha aquele poema que pintei na parede da nossa casa em São Bento do Una, quando o ano 2000 ainda parecia uma miragem... O poema a que se refere foi encontrado não me lembro onde mas, provavelmente, nos velhos livros com que preparava aulas como professor substituto de alguma escola da cidade. Era do "Boca do Inferno" e, embora escrito para "homenagear" a capital soteropolitana do século XVI, me parecia perfeito para alfinetar minha província de quatro século depois.

Mais adolescentes que eu, Vanuzia e Cristiany, minhas irmãs número 2 e 3, recortaram letras comigo e também prepararam os restos de tinta Acrilex que, sendo para tecido e as únicas disponíveis, foram usadas assim mesmo para colorir a parede mais pública da nossa casa, a jatos de uma daquelas bombas de matar "muriçocas". Por uns dias fui chamado de "Gregório" na cidade e, pelo visto, tá chegando a hora da vizinha com memória de elefante virar "Gilmara de Matos Guerra"...

Por Walderes Brito

Quando manifestações procuram reinventar alegrias

Por Cristian Mossi

Motim contra Israel

Por Wolney Fernandes

Palafita

Por Adriano Antunes

Tartrazina e afins

Por Laila Loddi

Viagem à Esponja

Não sei brincávamos de roda frequentemente ou se foi uma única vez. Provavelmente foram muitas, porque a música me ficou no cérebro, inclusive com sua letra originalíssima: "Fui na esponja buscar meu chapéu/ azul e branco da cor daquele céu"

Muitos anos e quilômetros depois ouvi crianças de outras paragens relatando viagens à "Espanha" para buscar o mesmo chapéu - o que faz mais sentido do que a minha "esponja", mas não me altera a memória nem os afetos. O resto dos versos não varia. Nem o final: "Cada qual pega o seu par pra não ficar como a vovó"

Eliane, minha irmã mais velha, tinha métodos nada democráticos de organizar a correria: determinava em cochichos ao ouvido de cada um a quem se devia buscar no final da brincadeira, para formar o par e não ser alvo da galhofa geral: "A bênção vovó que ficou no caritó"

Caritó, em pernambuquês, é o lugar dos que não se casam, o que evoca outra vez a licença poética: fora das brincadeiras de roda vovó sempre é alguém que escapou do caritó e formou grande prole... Deixa pra lá! A brincadeira terminava pra mim, quando Eliane cochichava no ouvido de todo mundo e pra mim dizia em alto e bom som: "Você pode ficar com qualquer um"... Era a desgraça: meu turno de vovó-no-caritó... Eu que nunca fui lá um mestre em artes de saber perder, protestava aos prantos, até sair da brincadeira ou a brincadeira sair da roda...

O bom é que o repertória era generoso: cantorias, jogo de pedra, barra-bandeira, boi-de-barro, cawboys de plástico, esconde-esconde, banho de açúde, escalada em pedras, helicóptero de sabugo e penas de galinha, bola de meia, chimbra, pular corda, passar o dedo na chama do candeeiro, fazer conchas com as mãos sobre a luz da lamparida só pra ver o vermelho da luz atravessando as articulações dos dedos, pegar vagalume, rodar tição em brasa pra fazer desenhos de luz no breu da noite... e um sem fim de coisinhas de encher a infância de sabor e a vida de marcas.

Por Walderes Brito

Brincadeira de bom gosto

Por Odailso Berté

Imagem: Detalhe da obra de Iberê Camargo

Vira-Virou

Cipó - corda de pular
Papel de pão - barquinho pra navegar na enxurrada
Pedaços de madeira - castelo
Pena de galinha - metade da peteca
Palha de milho seco - a outra metade da peteca
Meias velhas - bola pra jogar Queimada
Tampinhas de garrafa – peças pra jogar Dama
Galho da mangueira – cavalinho de pau
Forquilha – perna de pau
Caixa de papelão - carro pra guiar
Latinha de extrato de tomate – biloquê
Talo da folha de mamão – flauta doce
Pedras redondas – peças pra jogar Baliza
Mangas verdes – rebanho bovino
Barbante – cama de gato
Quintal de casa - brinquedoteca

Por Wolney Fernandes

Mão Lilás*

Por Rosi Martins

(*) Da música "Ladrão de brinquedos", banda "Mersault e a Máquina de Escrever"

Bibelô de Macular

Artigo de luxo, tirado do lixo.
A lata de leite virou espada de guerra: corta
Corta-me.
Cortei-me.
O dia de hoje é bom?
O dia de hoje tem esperança.
E isso é o melhor brinquedo que tenho por ora.

Por Cristiano Casado

Sem Título

Por Cristian Mossi

Brincadeira

Por Adriano Antunes

Kahlo no Corpo


Por Odailso Berté

Das andanças que possibilitam melodias


Por Cristian Mossi

Psiu!

- Psiu!
Seu moço do asfalto,
Escuta aqui!

Olha quanto calo nos dedos
Que o senhor tem.

Sinta o perfume do asfalto
Sob o ruído dos automóveis,
Pretensiosos sobre quatro rodas,
Despejando gás carbônico
Para seus filhos.

- Psiiiiiiiiiiu!
Calo.
Nossos pés calejados
Nossas bocas silenciadas:
Somos plateia desta cidade
Somos a cidade inteira.


Por Cristiano Casado

Pois não pretendo, amor, te magoar*


Por Laila Loddi

(*) Do samba de Cartola

De olhos bem calados


Por Wolney Fernandes

Pose para poster


Por Rosi Martins

"Enjabement"



Por Walderes Brito

Meninas Chinesas

Por Adriano Antunes