Por Walderes Brito
Buraco do Tatu
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*CHAGA,
Walderes Brito
Esse era o nome do lugar mais misterioso e proscrito da, agora, sesquicentenária São Bento do Una, minha cidade de origem. O motivo era óbvio: Buraco do Tatu era o lugar dos cabarés para onde os homens da cidade escapuliam no breu da noite e onde as quengas se escondiam durante o dia, em casebres de taipa sem reboco, no caminho do esgoto que escorria de toda a Avenida Manoel Cândido e da Rua Cira Mota, vindos tanto do nascer quanto do pôr-do-sol. Quem estudava no Colégio Estadual precisava dar uma volta quase lá pela Cilpe ou pela rua do Armazém dos Cadetes só para não cruzar nenhum dos proibidíssimos becos do Buraco do Tatu. Menina, então, dependendo da piedade cristã da família, não podia nem pronunciar o nome... Meninos ficavam na dúvida, alguns ansiosos outros aflitos, se o pai um dia ia arrastá-lo pra lá, como quem atravessa o portal de acesso ao universo dos machos. Isso durou mais de dois terços dos 150 anos de São Bento, até que um prefeito messiânico com nome composto resolveu “cristianizar” a cidade, tirando as putas para um canto afastado e transformando o lendário Buraco do Tatu numa insossa Rua da Alegria, que tá lá até hoje. Quem sabe, porém, que por baixo dessa Alegria jaze um Buraco do Tatu ainda passa cabreiro por aquelas imediações.
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