Na colcha de renda
Branca e engomada
Chorava abafado
O anjo parido.
Era menina promessa
Que em Divina ciranda
Entrara na roda da vida
Com olhos fechados de medo.
Fez corpo, pintou o rosto
Virou moça faceira
De peitos fagueiros
A desafiar a blusa de seda.
Entre contrações e gemidos
Expondo seu ventre ao mundo
Deu passagem ao rebento
De destino incerto, duvidoso.
Mas hoje, na cadeira de balanço
Recorda o caminho imposto
Qual diálogo sozinho
Que o tempo imperioso
Impunha aos olhos cansados.
Por Adriano Antunes
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