As belas dobras triplicadas do Barroco

Por Cristiano Casado

Reprodução:
"Las Tres Gracias", de Peter Paul Rubens
(Óleo sobre tela 221cm x 181 cm. Museu do Prado, Madrid, Espanha)

Dobravura


Por Odailso Berté

Movimentos imprevisíveis para fora da moldura

Por Rosi Martins

Ilustração de Luiz Zerbini para Alice no País das Maravilhas

Cabaret Chuveiro

Por Rosi Martins

Ilustração de Raquel Coelho

Secretamente Compartilhado

Embaixo da cama: canto eleito para guardá-la por ser o mais privado possível, ali pelos oito ou nove anos. Ela veio de São Paulo, cheia de roupas usadas, mandadas pelos parentes de lá, no retorno de uma viagem de mamãe que, até hoje, não consigo dizer porque teria sido feita exatamente naquela época. Nem antes nem depois. Após o rateio dos regalos de segunda, festejados como se de primeiríssima fossem, a mala verde foi o que me coube, por recíproca eleição, começando ali uma longa relação de mistérios e cumplicidades.

Desde então, arrastei essa mala para debaixo da minha cama por três ou quatro casas para as quais nos mudamos, através da minha infância-puberdade-adolescência e juventude... Nela cabia, em segredo e síntese, tudo que habitava em mim: coleção de tampas de margarida de super heróis; álbuns de figurinhas invariavelmente inconclusos; pacotes de gibis comprados, nos sábados que eu podia ir do sítio à feira, na banca do seu Genésio e da dona Marli, com predomínio da turma do Bolinha e da Luluzinha, com suas mães de peitos fartos e bundas murchas, vendas de limonada em caixote, com rã atirada dentro da jarra e brigas com a turma da zona norte... Também tinha coleção de meia dúzia de chaveiros e um inútil “compacto” de história infantil numa casa sem vitrola.

Entre outras relíquias, que eu julgava invioladas, embora a mala não tivesse chave, uma “milhaeira” de cerâmica em forma e cor de moranga, onde eu guardava minhas moedas e que, soube muito mais tarde, era o mesmo lugar de onde Vanuzia e Amanda, minha irmã e prima quase gêmeas, com uma faca de mesa e muita habilidade, tiravam toda tarde, no meu horário de aula, o soldo para financiar esbórnias de picolés e pipocas com textura de isopor, disponíveis na banca do seu Babá.

Esta, porém, já é outra história, ainda sem suficiente acerto de contas...

Por Walderes Brito

Acordes de corpo inteiro

Ele reunia pequenos acordes para medir a alma boêmia que lhe dirigia os passos. Apesar de não ser tátil ou vísivel, seu canto era capaz de locomover sua própria existência.

Hoje, as cordas de aço estão surdas. No silêncio daquele canto não há mais modas de viola a desafinar. Está lá. E só se sabe saudade porque, mesmo ausente, ressoa memórias audíveis em traços e acordes de corpo inteiro.

Por Wolney Fernandes

Do meu canto

Por Cristian Mossi