Cheiros arrancam a gente pra lugares e tempos remotos, sem licença nem vagareza: é pá pum! Masturbações nos levam a corpos conhecidos ou que nunca o serão. Sabores também são excelentes veículos de teletransporte. Lembranças, nem se fala! Quando me contam que meteram o pé numa tábua de pregos ou a mão num caco de vidro, sinto um instantâneo e tenebroso gelo no saco. Se o relato for uma ficção, eu nem ligo: gelo igual. Tenho sempre um instante de nó na garganta nos episódios de Brothers and Sisters. Declarações de amor entre irmãos, pais e filhos me derretem até em propagandas do dia dos pais da Renner, sem nenhum efeito antídoto da minha empertigada consciência crítica sobre o proselitismo burguês do arcaico modelo cristão de família nuclear, patricarcal e androcêntrica.
Nem tempo, nem lugar, nem fato:
tudo aqui, em mim, agora!
Por Walderes Brito
(*) Título de um livro de Richard Bach
1 comentários:
Para um aroma ou um perfume, longe é realmente um lugar que não existe. Adorei o texto! Bjos! Luisa Dias
Para um aroma ou um perfume, longe é realmente um lugar que não existe. Adorei o texto! Bjos! Luisa Dias
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