"Eu, filho do carbono e do amoníaco" *

Primeiro era um ponto branco, na amídala esquerda... Tenho certeza, porque minhas encrencas de saúde são sempre do lado direito (até as infecções de garganta). Um tantinho de água a mais, mel, frauda no pescoço na hora de dormir (um espetáculo com o meu pijama azul de decote em "V"!!!). Achei que não passarai disso. Ledo engano: o ponto branco se multiplicou por três; o branco evoluiu para dourado; mais dois dias e a voz sumiu, enquanto uma torneira de pus foi aberta mais ou menos na altura do terceiro olho, com canalização direta para as narinas e, se deitado, com desvio para a goela e estômago. Mais um pouco e a febre pontualíssima, de meio-dia para a tarde, fritava o pus que era expulso do nariz, a partir de então, em tamanho e ares de panqueca. Tudo isso antes de começar a tosse, daquelas miúdas, sem catarro e sem trégua. Tosse de cachorro, das que matam de raiva e de sono. Sim, porque você é obrigado a virar a noite sentado na cama, brincando de "estátua". Nesse embalo pensei muito, mas nada consegui escrever sobre impureza.

Por Walderes Brito

(*) Do poema de Augusto dos Anjos

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